Reconstrução de mama: porque não é simples
A reconstrução é uma área muito específica da cirurgia plástica, cheia de detalhes e nuances. Entenda porque ela não é uma cirurgia simples e porque ela é tão importante para a mulher com câncer de mama.
O câncer de mama é um diagnóstico que traz consigo muitos sentimentos – medo, angústia, insegurança, desespero, tristeza. Mas, acima de tudo, incertezas.
A ida ao cirurgião plástico não é a experiência habitual de ansiedade positiva, de desejo de melhorar, de vontade de realizar um procedimento. Muitas nem estariam ali por desejo próprio. E são jogadas neste mar de decisões, de dúvidas.
Do ponto de vista técnico, a reconstrução de mama é uma área ampla da cirurgia plástica, com muitos detalhes e particularidades.
Todas as cirurgias que são feitas com o intuito de reconstruir algo perdido ou deformado podem ser realizadas em dois tempos – ou no momento da própria retirada da lesão ou tardiamente. A reconstrução de mama é assim também.

Na maioria dos casos, o mastologista realiza a cirurgia oncológica, com a retirada do tumor. Esta pode ser de diversas maneiras – nodulectomias (somente o nódulo), quadrantectomias (remoção de um quarto da mama) e as adenectomias (também chamadas de mastectomias, que é a retirada da glândula mamária como um todo). Pode haver retirada de pele, do mamilo, de linfonodos (gânglios axilares).
Isto é para ilustrar a vasta amplitude de cirurgias que podem ocorrer antes da intervenção do cirurgião plástico.
O cirurgião que faz reconstrução de mama deve estar habilitado a realizar diversos tipos de cirurgia, pois a programação do mastologista pode mudar durante o ato operatório.
Esta flexibilidade, este vasto conhecimento de técnicas e táticas e o preparo para realizar mudanças no planejamento ainda não é o motivo porque acho um desafio.
O “tampar o buraco” é só parte da solução. A paciente ainda tem esperança e a expectativa de ter uma mama bela, feminina, atraente.
Trabalhar com a reconstrução é entender o “depois” da cirurgia, da auto-estima, das atividades diárias, da maneira como a paciente se veste, se enxerga.
É saber que aquele momento impacta muito o futuro. E que não posso só cobrir, fechar, tampar.
Devo imaginar a estética da mama, a beleza. Entender a fragilidade. A sensação de perda. Estar ao lado da paciente, neste seu momento de maior dificuldade.