Hérnia umbilical, diástase de retos e gravidez – quando operar?

A hérnia umbilical é uma condição comum que afeta muitas mulheres, especialmente após a gravidez. Neste post, vamos entender o que é essa alteração, como ela se desenvolve e quando pode ser necessário considerar a cirurgia para corrigí-la.

Muitas pacientes apresentam uma afecção muito comum – a hérnia umbilical. Pode estar presente antes de engravidar ou pode ser consequência de uma gravidez (neste caso geralmente é acompanhado de uma outra alteração que chama diástase de retos, também vou explicar).

Aí vem o dilema – quando eu deveria operar?

Primeiro vamos ver o que são cada alteração em maiores detalhes.

Hérnias são falhas na parede abdominal, ou seja, regiões de fraqueza. Isso significa que o conteúdo da cavidade abdominal consegue sair, mas continua seguro pela pele e gordura do subcutâneo. O que consegue sair depende do tamanho do orifício (do tamanho da região de fraqueza da parede). Essas informações são obtidas tanto no exame físico quanto no ultrassom, que adiciona medidas e informações mais precisas.

            Deixo uma imagem para exemplificação do que é uma hérnia de parede abdominal:

(Imagem: https://drpaulopittelli.com.br/doencas-e-tratamentos/hernias-da-parede-abdominal/)

A diástase de retos é um achado muito comum em pacientes que já tiveram gestação. Os músculos retos abdominais são músculos que correm verticalmente na parede abdominal. Situações onde há aumento do conteúdo abdominal (muito comum em pacientes após gestações e também em pacientes obesos) podem ocasionar distanciamento dos dois músculos. Isto não gera grandes consequencias funcionais para a paciente, mas há um abaulamento visual da parede abdominal, podendo gerar comprometimento estético.

(Imagem: http://vickyfisio.com/diastase-abdominal/)

A ultrassonografia é um exame muito importante para evidenciar as duas alterações. Vai examinar a parede abdominal como um todo, caracterizando tanto as hérnias quanto a distância entre os músculos retos abdominais (esse valor é importante porque as vezes alguns convênios médicos apresentam valores de corte para cobrir a cirurgia de correção da diástase do abdome).

Depois de feito o diagnóstico, temos que pensar – qual o melhor momento para corrigir?

Em geral estas alterações não trazem grandes consequências para os pacientes, mas as hérnias podem gerar dor, que pode ser algo que incomoda bastante e pode limitar as atividades do dia-a-dia.

A principal pergunta é – há desejo de engravidar de novo? Se sim, quando? Em um tempo curto? Ou é uma idéia sem prazo definido?

Uma nova gestação em pouco tempo poderia comprometer o resultado da cirurgia. Isto não é uma certeza, existem muitos relatos de pacientes com antecedente de abdominoplastia que engravidam e o resultado se mantem (ou fica “menos pior” do que seria após uma nova gestação).

Como proceder então? Operar antes ou depois de engravidar?

Isso é uma questão bastante controversa, inclusive na literatura.

O que devemos pesar é quanto a hérnia está incomodando a paciente. Se a dor é limitante, se tem atrapalhado suas atividades, se é algo que está causando algum prejuízo para a paciente.

Em geral, o reparo somente de uma hérnia umbilical é feito com uma incisão (corte) no próprio umbigo, e este corte existiria de qualquer jeito numa abdominoplastia. Portanto uma das opções seria fazer o reparo somente da hérnia umbilical antes de engravidar (pensando que não acarretaria cicatrizes diferentes do que as presentes numa abdominoplastia).

Por outro lado, se o abaulamento da diástase e a sobra de pele estão incomodando muito a paciente, pode-se proceder com uma abdominoplastia completa. Porém, a paciente tem que estar muito ciente de que o resultado pode não se manter se houver uma nova gravidez, e que talvez precise operar novamente.

Não existe resposta correta (nem na literatura – tem inclusive um artigo bem legal que vou deixar aqui – [Kulacoglu H (2018) Umbilical Hernia Repair and Pregnancy: Before, during, after… Front. Surg. 5:1. doi: 10.3389/fsurg.2018.00001] que fala bastante sobre essa polêmica). A decisão deve ser adequada às necessidades da paciente em conjunto com seu médico. A paciente deve ter idéia de sua programação de gestações e pesar o quanto sente de incômodo tanto pela hérnia quanto pela diástase.

Parece que a lição é sempre a mesma – converse bem com o seu médico antes de tomar qualquer decisão!

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